Diário de Bordo: Socorro-SP

O CarnaSossego foi pro espaço. Estarei eu apto a encarar o rafting em Socorro?

36 mil habitantes. Era mais ou menos isso que a cidade de Socorro, no interior de São Paulo, tinha na época do Censo 2010. Pequenina, escondida no meio do nada, certo? Certo. Mas quem descobre Socorro, acha o “X” do mapa do tesouro.

Socorro é um baita polo turístico. Só não tem praia (e não precisa). Toda a cidade é cercada por pousadas e hotéis dos mais variados tamanhos (e preços). Vi mega complexos de lazer e também vi pequenas pousadas que aceitam animais domésticos. Portanto, se você quer descansar, terá o ar puro e a calma das montanhas (com um por-do-sol de tirar o fôlego).

Se quiser aventura, Socorro abrange também os chamados esportes radicais: arvorismo, acqua-ride, tirolesa, rapel e, claro, o rafting…. entro em mais detalhes mais abaixo. Antes, falaremos do centro.

Achei o centro de Socorro muito bem arrumadinho. Muito me impressionou a conservação dos prédios públicos: a Câmara Municipal, o Fórum e, principalmente, a disposição logística (?) da Prefeitura. De fora, parece uma vila de casas, uma pequena aldeia. Muito legal. Se trabalham melhor por causa disso eu não sei.

Não sou especialista em arquitetura (alias, muito pelo contrário), mas gostei também da conservação do centro histórico. Vários casarões estão em muito bom estado (ao menos externamente). Pena que no meio deles há algumas interferências estéticas, ou seja, prédio mais ou menos modernos que borram a paisagem. Na foto abaixo, um exemplo disso. O casarão é lindo, mas bem do lado tem um prédio totalmente fora do contexto.

E sim. Tem o rafting.

Por uma dessas felicidades do destino, GANHEI, totalmente de grátis e sem custo adicional, uma descida pelo Rio do Peixe. Reuni todo o meu cagaço e aceitei o desafio, afinal, o que eu não faço por vocês?

A aventura começa no briefing de segurança. Um instrutor dá as coordenadas que serão gritadas por outro instrutor quando o bote estiver na água. Frente, ré, direita frente esquerda ré, esquerda frente direta ré, segura, piso… Vocês que conhecem a fama da minha coordenação motora já devem imaginar que felicidade fiquei, não é mesmo?

Depois de distribuídos os equipamentos de segurança, vem o transporte até o local de saída dos botes. E foi no melhor estilo expedição, naqueles caminhões safári do exercito. Muito legal passar com a cabeça perto das placas da rodovia….

Dentro do bote os comandos explicados na teoria são colocados em pratica, como um treino, numa parte bem calma do rio. Mais uma vez fui surpreendido. De repente, nesses momentos de tensão, minha coordenação motora e eu entramos num acordo e vamos juntos e fiéis, cúmplices, na missão de sair com vida dessas ciladas… Que orgulho.

Quando a equipe Lampião (o grito de guerra é importante, acredite) se alinhou na sincronia, a coisa fluiu maravilhosamente bem. Esse é o segredo: sincronia. O instrutor precisa de um minimo de sincronia dos pobres mortais do bote, mas o trabalho de direção (ou seja, a responsabilidade toda) é dele. Ainda bem, porque se dependesse da gente…

Cair do bote é muito difícil, por vários motivos. Você está com os dois pés e as pernas honestamente presos dentro do bote. Seu corpo está voltado para dentro do barco e, claro, o peso do corpo está concentrado em ficar no lugar.

O comando de “segura” é prontamente atendido. Isso significa que você agarra com toda a sua alma na cordinha. E quando o comando é PISO, é porque a coisa ficou séria. É nessa hora que você senta no piso do bote pra tudo chacoalar na mais límpida segurança.

A água é gelada? É. Mas não, você não sente frio. A combinação adrenalina + colete, na verdade, te faz pedir por água. É muito melhor manter-se constantemente molhado do que passar calor e tomar um banho sem estar preparado.

A descida foi sensacional. Não há tempo de sentir medo. A responsabilidade de se manter remando e perceber que SUA remada faz diferença na equipe tira qualquer medo. Isso dá uma série de paralelos, mas não serei chato o suficiente para fazê-los. Não nesse texto.

É claro que nem tudo saiu perfeito. Eu estava no bote, né? Pois então… no meio de uma das quedas, o instrutor PERDEU A PORCARIA DO REMO. Mas ele foi rápido. No desespero, puxou meu remo e fiquei meio sem rumo. Sem o apoio, eu não tinha o que fazer e nem como ajudar a equipe. Mais pra frente ele conseguiu recuperar o instrumento, devolvendo meu amigo da pá amarela.

Depois, o bote encalhou numa das pedras. Numa descida. Com botes vindo atrás. Na marra (e no desespero absoluto) o instrutor conseguiu empurrar o bote de volta no curso, subindo numa pedra e usando os pés, mas por pouco não continuamos a descida sem ele. O barco começou a descer e o instrutor não estava nele. O NINJA pulou de cabeça no bote, atropelando a moça na minha frente. Eu tenho certeza que isso NÃO ESTAVA no roteiro que ele tinha planejado… Cena de cinema.

Sejamos justos. O cidadão teve que improvisar muito, mas só o fez com perfeição porque tem um belo treinamento e experiência nas costas. Não dá pra negar que se fosse um pé de chinelo, teria falhado. Taí a importância de escolher uma empresa séria e com recomendações. A minha é Rios de Aventura.

Tem fotos da descida, mas elas ainda não chegaram. Assim que as tiver, vou atualizar esse texto, com pelo menos uma. A que eu sair menos pior, claro.

Que joelho bizarro. Coisa do capeta. 

Se tiver a oportunidade de encarar uma descida de rafting, FAÇA SEM PENSAR DUAS VEZES. Vale a pena, é seguro e você não vai se arrepender. Assim que puder, quero fazer outra descida…

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