Fazendo a Notícia: Morre Osama bin Laden

Tudo parecia tranquilo, no monótono final de Domingo, dia 01 de maio de 2011. Monótono como todo final de Domingo deveria ser. Mas esse Domingo será lembrado como o fim do dia mais longo da história dos Estados Unidos. Um dia que começou na manhã de 11 de setembro de 2001, quando as Torres do World Trade Center, parte do Pentágono e um avião lotado vieram abaixo. Desde aquele dia, o mundo procurava um homem. E ele foi encontrado.

Por volta das 23h39, alguém na minha timeline no Twitter (acho que o @braitnermoreira) retuitou algo de explodir mentes. Procurei a origem da informação e minha reação foi simples e direta:

COMASSIM? ACHARAM O BIN LADEN? PUTAQUEOPARIU!!!!

É nessa hora que você sente uma corrente de adrenalina percorrendo o seu corpo, pois sabe, ainda que inconscientemente, que vai ver a História sendo escrita diante dos seus olhos, mais uma vez.

Agora era hora de buscar mais informações. Os portais e as televisões brasileiras não davam uma nota sobre o assunto. Compreensível. Estava tudo muito confuso. Poderia ser mais um daqueles inúmeros boatos que o Twitter propaga. Até o Lima Duarte já mataram.

Mais um RT e outra fonte dava a mesma informação, dessa vez citando o The New York Times. E agora era um olho no gato e olho na sardinha. O controle remoto zapeava entre a Globo News e a Globo – na última, esperando o tradicional e inevitável Plantão.

23h53. Globo News entra ao vivo, noticiando o que já era o assunto do momento no Twitter: Osama Bin Laden, depois de quase 10 anos de caça, estaria morto. E dá-lhe link da CNN, com ibagens da Casa Branca. O link tinha um propósito: Barack Obama faria um pronunciamento a nação (e ao mundo), confirmando que estavam com o barbudo. Já dá pra imaginar que acabou toda a minha vontade de dormir.

A partir daí foi só enrolação. Ou o tempo de fazer piadas, como queiram. Elas foram pipocando as borbotões, umas ruins, outras péssimas e, para não dizer que sou rabugento, umas duas ou três aceitáveis. Também era tempo de conjecturar como teria sido a operação (tomaram o esconderijo de assalto ou bombardearam o local?), onde estaria o corpo nesse momento, qual seria a reação dos terroristas em todo o mundo, se a operação teria garantido a reeleição de Barack Obama e o principal:

A televisão mostrava populares em volta da Casa Branca, comemorando aos gritos de U-S-A! U-S-A! Do jeito que são patrióticos, não iria demorar para o Marco Zero ficar tomado por gente comemorando o feito. O que acabou acontecendo mais tarde.

E finalmente, as 12h28, A Globo põe a musiquinha do Plantão para funcionar e as carinhas de sono de Zeca Camargo e Patrícia Poeta surgem no vídeo para dar a notícia a quem estava vendo o filme. Coisa rápida, acho que não deu 3 minutos. Pra fazer isso, era melhor ter soltado um Plantão apenas sonoro muito mais cedo (se isso aconteceu e eu não vi, grite aí nos comentários). Vale lembrar que nenhuma outra emissora entrou com Plantão nesse meio tempo. Vi a Band falando alguma coisa depois desse horário, mas acabei concentrando a atenção na Globo News.

Enquanto isso nada de Obama e seu pronunciamento. Na certa, estava dialogando com todas as bases ao redor do mundo, pedindo atenção e alerta máximos. Ou fazendo pirocoptero pelos corredores. Estava ficando tarde, eu precisava dormir. Mas e quem disse que DAVA pra dormir sem acompanhar o ponto chave da noite?

Alguns minutos depois, Barack Obama começa seu pronunciamento. Transcrevi ipsis literis dois trechos:

Boa noite. Hoje à noite, eu posso relatar ao povo americano e ao mundo que os Estados Unidos realizaram uma operação que matou Osama bin Laden, o líder da Al-Qaeda, e um terrorista que é responsável pelo assassinato de milhares de homens inocentes, mulheres e crianças.

(…)

Hoje, na minha direção, os Estados Unidos lançaram uma operação contra esse complexo em Abbottabad, Paquistão. Um pequeno grupo de norte-americanos realizou a operação com uma coragem extraordinária e capacidade. Nenhum americano foi prejudicado. Eles tomaram cuidado para evitar vítimas civis. Após um tiroteio, mataram Osama bin Laden e tomaram a custódia de seu corpo.

Os desdobramentos, obviamente, não parariam naquele pronunciamento, mas o principal já tinha acontecido. Restava esperar pelas fotos e vídeos da operação que, até a hora em que esse post está sendo parido escrito, NÃO apareceram. Mais um furacão domado.

É bom salientar que muita gente ainda duvida que o fato tenha realmente acontecido. O principal argumento é que é impossível que o maior troféu dos Estados Unidos, o corpo do Procurado #1, não tenha sido exibido com pompa. E, o pior, já tenha sido sepultado no oceano. Ou como diriam alguns redatores mais apressados: “Osama foi enterrado em alto mar”.

Esse foi o final de noite do dia 1º de maio de 2011. A noite em que o povo americano pôde, enfim, exclamar: A justiça foi feita.