Chaves: Uma analogia da América

Um dos personagens mais populares da televisão brasileira (fora da Globo, claro) é, ironicamente, um mexicano. Roberto Gomes Bolaños criou um imortal que, cá entre nós, é a salvação do SBT. Estou falando do menino órfão Chaves (do original, Chavo Del 8), que vive em uma vila, cercado de vizinhos pitorescos.

Assistindo a um dos episódios (pela enésima vez, diga-se) percebi que é possível fazer uma analogia entre os personagens do seriado e os países da América. Não fica perfeito, mas é muito curioso. Duvida? Veja só:

Dona Clotilde: A popular “Bruxa do 71” é a Colômbia. Por mais que se esforcem, os moradores da vila acabam precisando da velha, seja para fazer companhia nas noites sóbrias, ou como mera cozinheira, que oferece frangos e bolos.
Vive assustando todo mundo e, apesar de não ser amada, faz falta quando não aparece.

Seu Barriga: O dono da vila é os Estados Unidos. No seriado, é ele quem controla todo o capital e ainda por cima cobra aluguel pessoalmente. Entretanto, é constantemente driblado por seu Madruga, que lhe deve sempre 14 meses de aluguel.
Toda vez que chega à vila é recebido por uma pancada, desferida pelo pobre Chaves.

Seu Madruga: O homem do bigode é o Brasil. Pobre, um pouco ignorante, mas de bom coração, Madruga não tem emprego fixo. Já foi sapateiro, pedreiro, caixeiro, vendedor de balões e artigos para festa, carpinteiro, fotógrafo, boxeador, enfim… faz de tudo para se virar na vida
Sempre apanha injustamente de dona Florinda, sem nunca reagir. Acaba descontando em Chaves que geralmente é o culpado.

Quico: É a própria Argentina! Chato, acha que possui mais do que realmente tem. Adora exibir-se para os amigos, mas, no fim, sempre acaba chorando sozinho na parede. Também não é muito esperto, ficando para recuperação várias vezes. Fora a incrível capacidade de dizer e fazer besteiras. Entretanto, o seriado não teria graça sem ele.

Chiquinha: Essa se parece mais com a Venezuela. Acha-se independente e, por isso, arruma confusão com todo mundo. Com seus planos mirabolantes – e poucas vezes eficientes – tenta se dar bem, abusando da boa fé dos amigos.
Apesar disso, sempre acaba pedindo dinheiro para seu Madruga e não raro, para seu Barriga. Nesse último, aliás, adora colocar apelidos ou simplesmente tirar do sério.

Dona Florinda: Definitivamente, é o Paraguai. Viúva, desconta no seu Madruga a frustrações da vida. Os bobs na cabeça tentam disfarçar a péssima aparência, que, todos sabem, não tem conserto.
Apesar de bater em seu Madruga, requisita os serviços do pobre homem quando precisa de alguém para vender churros ou fazer uma placa a ser afixada na porta da vila.

Chaves: Por fim, o personagem final da história não poderia ser, ninguém mais, ninguém menos que o próprio México. É pobre, mas nem por isso deixa de se divertir. Arruma uns bicos aqui, outros acolá para conseguir comprar o tão sonhado sanduíche de presunto. É amigo de todo mundo, porém, nunca deixa de acertar alguma porrada no seu Barriga. Tudo, claro, sem querer querendo…

Esses foram os personagens principais… Mas ainda podemos completar essa incrível analogia com os personagens secundários…

Nhonho: É o Canadá. Filho do seu Barriga, portanto, rico. O pessoal da vila já passou uma temporada em sua casa (a dele, não a sua). Para o enredo não faz a menor diferença, mas, quando aparece, arranca gostosas gargalhadas.

Paty: Com o perdão da licença poética, é o Hawaii. Não aparece muito, mas é sempre lembrada como a mais bela personagem. É disputada por Quico e Chaves. Este último acaba levando vantagem, para desespero de Chiquinha.

Jaiminho: Carteiro. Tangamandápio. Poucas palavras. Evitar fadiga.

Prof° Girafales: Este pode ser comparado ao Chile. Esguio e fino, o prof° Lingüiça (ainda com trema!) ostenta um alto grau de inteligência, chegando a dizer sinônimos da palavra causa (ou motivo, ou razão, ou circunstância… você escolhe). Apesar disso, não consegue engatar um romance mais sério com dona Florinda. Vivem colados.

Pops: É a isolada da turma, portanto, Cuba. Vive em seu próprio mundo e realmente acha que a boneca é sua filha (dela, não sua…). Apesar de esquisita, consegue um diálogo com o pessoal da vila, mantendo uma certa distância do seu Barriga.

Essas surpreendentes comparações são apenas uma das curiosidades que envolvem o seriado. Os mistérios nunca serão totalmente esclarecidos. Já encontraram até uma suástica grafada no muro do terreno baldio. Ninguem ainda conseguiu explicar satisfatoriamente como é que o desenho foi parar lá. Acho difícil quem ninguém tenha notado antes, durante ou depois das gravações.

Mas um fato que jamais será explicado é o enorme sucesso. Por que um seriado com mais de 20 anos de existência e já reprisado inúmeras vezes, ainda alavanca a audiência, chegando a empatar com a Globo? Talvez a pesquisa que diz que as crianças gostam de ver desenhos repetidos porque sentem-se seguras sabendo o final dê algumas dicas, entretanto, Chavo Del 8 já entrou pra história da televisão como uma das produções mais baratas (vide mesas de isopor…) e rentáveis.

Além de ser cult…

8 pensamentos sobre “Chaves: Uma analogia da América

  1. o símbolo da
    Suástica, que pode-se ser mal interpretado pelos menos avisados.

    A Suástica é um símbolo hindu que vem da palavra sânscrita Svastikah, com
    significado de bem-estar e boa-fortuna.
    As mais antigas suásticas datam de 2500 ou 3000 AC na Índia e na Ásia
    Central. Na China, o símbolo foi adotado quando o Budismo chegou da Índia, e
    é usado até hoje pelo Falun Dafa, que explicam que quando o Falun (a
    suástica) gira no sentido horário automaticamente absorve energia do
    universo, no sentido de auto-salvação de quem usa. Ao girar no sentido
    anti-horário, emite energia, oferecendo a salvação ao próximo.

    Já a suástica nazista tentou se utilizar de todo o simbolismo místico, mas
    invertendo a suástica original, além de incliná-la 45 graus.

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